6 de set. de 2010
23.
Eu sempre quis fazer coisas cheias de significados. Depois de quase vinte e três anos as coisas perdem cada vez mais o sentido. Às vezes me pego pensando em coisas e duvido que fui capaz de fazê-lo. Algumas horas descubro que estou errada ou que estou certa. Na realidade, a realidade, não existe. Coisas certas ou certezas, o mundo muda o tempo todo, posso estar em Paris ou no Afeganistão e meu lar sempre estará comigo. Como vampiros que carregam a terra do túmulo consigo, me sinto carregando os restos mortais também, o que restou do que fui. Hoje sou muito melhor é claro! Descobri que sou capaz de dar risada das derrotas e sorrir para o inimigo, embora o inimigo seja sempre aquele que quero perto de mim, mas ele não sabe. Prefiro assim. Depois de um tempo percebi que não preciso dizer a verdade o tempo todo, alguns momentos nem importa o que diga, eles não ouvem... Ou ouvem só o que querem. Percebi que tenho o direito de usar uma “máscara” ou ter uma postura diferente e ainda assim continuar sendo eu mesma, sempre a mesma pessoa. Não é errado. Não é pecado desejar! Não é pecado arriscar, se entregar. É bom. Vejo quando os pelinhos do meu braço se arrepiam, é nesse momento que me sinto livre e sou capaz de esquecer qualquer coisa ao meu redor, assim sou livre. Gosto de fechar os olhos e virar a cabeça para cima quando estou na praia no verão, eu me sinto expandir, me sinto livre também, eu posso ser quem quiser ou ser ninguém. Adoro ir a praia no verão. Sentar no sol para secar o cabelo cheio de sal e gotas do mar. Era tão divertido aqueles dias de verão com minhas lembranças mais queridas, elas bebiam e dançavam comigo. Agora tenho apenas minhas lembranças, mas ainda gosto de ir a praia no verão. Na verdade eu posso fazer qualquer coisa sorrindo e brincando. Agora estou numa brincadeira muito legal, é um jogo quem conseguir ir até o final, ganha. É assim: eu crio um personagem, com uma personalidade, com amigos, família e preciso sustentar a idéia de ser alguém diferente sempre. Preciso ser a última a desistir. Então ganho! Ganho?
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